As ruínas da fusão nuclear Argentina


 Ilha de Huemul, Patagonia, Argentina 1948 a 1952. Nessa pequena ilha enormes edifícios em escombros onde  pode  ter acontecido um dos casos mais controversos da ciencia na América latina.O enredo que  reunia trapaças , maquinas gigantes e um cientista austríaco , que para muitos  era um louco  já para alguns um genio incompreendido,que estava empenhado na busca de um dos maiores desafios da física, a fusão nuclear. O projeto secreto era chefiado pelo austríaco  Ronald Richter e  funcionou durante 3 anos ,na tentativa do então ditador da argentina Perón de colocar a Argentina num novo patamar tecnológico.

Tudo começa quando o alemão Kurt Tank convida Richter para vir até a Argentina em 1948, Tank que havia sido engenheiro da Focke-Wulf Flugzeugbau, empresa germânica que produzia aviões militares e civis durante a Segunda Guerra. Nessa visita Richter foi apresentado a Péron onde acabou falando da suas teorias sobre a fusão nuclear. Perón movido pela ambição de fazer da argentina uma potencia viu nas virtudes da fusão nuclear fonte de energia barata a resposta a isso.

A fusão nuclear nos anos 50 estava muito longe de se tornar realidade ,e como hoje ainda é um sonho distante ,previsões indicam 2050 como uma data para que essa tecnologia esteja funcionando. Bom lembrar que a fusão e totalmente diferente a fissão nuclear como os da usina de Angra 1 e 2, e muito mais difícil de ser feita e controlada.

Estranhamente Perón não hesitou em aprovar a construção do laboratório maluco de Richter. Que após escolher a remota ilha como base iniciou seus planos.Que incluía  a construção de prédios, laboratórios , depósitos e uma imensa central elétrica necessária para os experimentos. Além de equipamentos extremamente caros, como um acelerador de partículas Philips comprado da Holanda em 1951, por 1 milhão de dólares.

Uma das mais maiores estruturas do projeto era o reator atômico, composto por um cilindro de cimento maciço de 12 metros de altura por 12  de diâmetro.  o reator era um volume de cimento, pedra britada e areia, com uma câmera cilíndrica interna. “O volume total equivalia a quase 20 mil sacos de cimento. Foram necessárias 72 horas de trabalho ininterrupto para a construção.Mas quando tudo estava pronto Richter ao inspecionar a obra quis que os tubos de ferro fossem trocados por de amianto. O que era impossível de se fazer. O cientista então simplesmente pediu para demolir tudo e começar de novo, dessa vez construindo no subsolo. Mas uma vez Perón concordou com o ele e deu a ordem de demolição.

Fusão nuclear anunciada

Envolto em grandes complicações com denuncias de sabotagem,sensacionalismo e a desconfiança científica. Em março de 1951 a noticia que chocou o mundo científico; O próprio presidente da Argentina  declarou que haviam conseguido em Huemul com sucesso a fusão nuclear controlada para produção de energia.

O ceticismo era grande sobre o possível sucesso do projeto.Em 1952 foi enviada por Perón uma comissão para verificar os resultados.O ceticismo acabou-se se revelando verdadeiro os dados não indicavam nenhuma fusão, e a reputação de Richter desmoronado,sendo considerado não mais um cientista excentrico mas somente um louco.Os laboratórios da |Ilha Huemul  rapidamente foram desativados antes que Richter pode-se revelar os detalhes de seu suposto feito.

Richter acabou se isolando numa casa simples em Buenos Aires morrendo em 1991. Com o golpe de estado que obrigou Perón a exilar-se, em 1955, a ilha tornou-se símbolo da má administração pública peronista: os investimentos perdidos são estimados em US$ 300 milhões e os prédios serviram ao exército para a prática de explosões....


Hoje a vegetação cobre o que foi a casa de  Richter,com suas paredes com rajadas de metralhadora. O laboratório onde supostamente foi feita a fusão nuclear , uma explosão com dinamite destruiu o teto,mas a sala de 30 metros quadrados ainda resiste com suas paredes de um metro de espessura.A alguns quilometros dali fica o Centro Atômico de Bariloche. Fundado após o fracasso do projeto de Huemul, em 1955, o centro possui algumas máquinas de Richter: seus laboratórios foram esvaziados antes de serem explodidos e os maquinários transferidos ao novo centro, no continente.


0 comentários:

Postar um comentário